Pular para o conteúdo principal

Para 55 pagantes, um Palmeiras que ganha e ainda tem chance de ser campeão

Daia Oliver/R7
Time B do Verdão sofre para vencer a Itapirense por 1 a 0, em jogo da Copa Paulista

Publicado no R7 em 15/09/2011

Num jogo sofrido, recheado de erros de finalização e com uma atuação apenas razoável, e diante de apenas 55 pagantes, o Palmeiras venceu a segunda partida seguida nesta quarta-feira (14), com um gol de puro oportunismo de seu camisa 9, e voltou a sonhar com o título da competição.

Não, você não leu errado: é do Palmeiras que estamos falando, mas do time B, criado para dar experiência e rodagem a jogadores jovens, mas já sem idade para disputar torneios de categorias de base. A competição é a Copa Paulista, torneio criado pela FPF (Federação Paulista de Futebol) para manter os times do interior em atividade durante o segundo semestre, e que dá ao campeão uma vaga na Copa do Brasil - que o time terá de qualquer maneira, a não ser que consiga um lugar na Copa Libertadores.

O camisa 9 é Amoroso, garoto de 22 anos que ganhou o apelido na infância, por ter o jeitão do ex-atacante de São Paulo e Corinthians, entre outros, e que sonha em receber uma oportunidade do técnico Luiz Felipe Scolari.  E o rival foi a modesta Itapirense, batida por 1 a 0. A segunda vitória seguida na competição, depois de cinco partidas sem ganhar, deixou o time em terceiro lugar no seu grupo, com 18 pontos, na zona de classificação para a segunda etapa do torneio. Uma situação melhor que a do time principal, que vem de quatro jogos seguidos sem ganhar no Brasileiro e está fora da zona de classificação para a Libertadores. 

Numa fria tarde de quarta-feira, apenas 55 pessoas pagaram ingresso, com renda bruta de R$ 450 – valor que não dá nem para pagar as taxas de arbitragem. O público total chegou a cerca de cem pessoas, incluindo dirigentes, olheiros, aposentados, parentes e empresários dos jogadores. Também havia garotas de cabelo tingido de loiro, unhas pintadas de verde e maquiagem carregada, candidatas a maria-chuteira, como se fosse um jogo do time principal. 

Para quem olha de longe, é como se o “verdadeiro” Palmeiras estivesse em campo, do uniforme e do banco de reservas completo à presença de um cinegrafista para filmar as jogadas e, depois, mostrá-las ao técnico e aos atletas, para melhorar posicionamento e fundamentos. 

O futebol, como vem acontecendo com o Palmeiras treinado por Felipão, não foi dos mais vistosos e ficou aquém das expectativas dos torcedores. O time não chega a exagerar na dependência da bola parada, mas tem um jogador com a camisa 11 como pulmão, o atacante George, que corre como Luan – e, como Luan, muitas vezes se atrapalha com a bola. Sem muito sucesso, deu lugar no intervalo a Gilsinho. 

O meia Ramos, considerado uma das promessas e dono da camisa 10, teve uma apresentação discreta, com algumas boas jogadas, como o melhor lance do primeiro tempo: após uma série de dribles pela esquerda, deixou Amoroso na cara do gol. O centroavante, porém, isolou a bola. 

Depois de perder várias chances no começo do segundo tempo, coisa que aconteceu com o time A no domingo (11), na derrota por 3 a 0 para o Internacional, o Palmeiras B teve alguns apagões em campo, e houve um momento em que o Itapirense era melhor. 

Aos 36min, o gol saiu numa jogada que poderia ser vista no Pacaembu em jogos do Brasileirão: o atacante Gilsinho escapou pela esquerda, cruzou, o meia Fernando escorou e Amoroso, de carrinho, marcou, voluntarioso tal e qual o recém-chegado Fernandão, titular da posição do time principal. 

Nos minutos finais, a Itapirense pressionou, mas o goleiro Rafael Alemão, que já chegou a ficar na reserva de Deola em algumas partidas em que Marcos ficou de fora, fez boas defesas, lembrando o titular, que deve encerrar a carreira no fim do ano. 

No fim, a vitória por 1 a 0 valeu menos por algum craque talentoso que tenha aparecido e mais pelos três pontos, cuja necessidade foi admitida pelo técnico Luiz dos Reis após a partida. Ao ser perguntado sobre como lidar com a pressão de revelar jogadores, ele foi direto na resposta. 

- Olha, o resultado pode não ser o mais importante, mas também é necessário. Afinal, se o time for campeão, o nosso trabalho será visto com bons olhos. Todo mundo vai dar atenção especial para o time que chegar como campeão, isso é inevitável. 

Sem tempo para comemorar, o Palmeiras B se prepara para ter vida dura em seu próximo compromisso: pega o XV de Piracicaba, quarto colocado na chave, com 16 pontos, e rival direto na briga pela classificação. Para os jogadores, chegar à próxima fase é ter mais chances de convencer Felipão que podem jogar no Palmeiras – e isso, para eles, vale mais que qualquer título.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colaboradores alternam papéis de 'pais' e 'filhos' em asilo de Sorocaba

Lar São Vicente de Paulo tem capacidade para 110 pessoas; hoje, são 97. Na festa dos pais, neste sábado (10), poucos familiares participaram. Publicado no G1 em 10/08/2013 Em um asilo de idosos há histórias infinitas e uma curiosa alternância de papéis entre seus moradores e aqueles que os atendem. Ora os cuidadores agem como pais, que zelam pelos menores detalhes: acompanham o lento e cuidadoso andar, servem comida na boca, ajudam a pegar algo que caiu no chão. Em outros momentos, são os filhos carinhosos que ouvem atentamente as histórias em busca de aprendizado. O Lar São Vicente de Paulo, em Sorocaba (SP), é um desses lugares. Com capacidade para atender 110 pessoas, ele conta atualmente com 97 internos que são atendidos gratuitamente – alguns deles chegam por vontade própria, outros levados pelas famílias. A casa tem cerca de 100 funcionários e outro tanto de colaboradores voluntários. Vítor Negrini, conhecido como “Cuíca”, é um deles, há mais de 40 anos. Casado pela s

No interior de SP, família do caçula corintiano sofre e vibra com vitória

Parentes de Giovanni, 18 anos, pediram a presença do meia e se emocionaram com a vaga na final do Mundial de Clubes Publicado no Globoesporte.com em 12/12/2012 “Põe o Gi!”. Não tinham se passado nem dois minutos do jogo entre Corinthians e Al Ahly quando Tite levou a primeira “cornetada” de um grupo de corintianos reunidos em Sorocaba, no interior de São Paulo. Uma turma que vibrou muito quando, antes de a partida começar, a TV mostrou o banco de reservas do Timão. O foco de tanta atenção era o caçula entre os “23 samurais”: o meia Giovanni, de 18 anos, que preferiu ir para o Mundial, mesmo na condição de provável reserva durante toda a competição, a defender o Brasil no Sul-Americano Sub-20 que será disputado em janeiro, na Argentina. Sua mãe, Silvana, a avó, Iracema, e a irmã, Caroline, reuniram alguns amigos e familiares para assistir ao jogo no salão de festas do prédio em que vivem, num bairro de clásse média de Sorocaba, com direito a café da manhã e muita fes

De Votorantim a Miami, Gustavo quer conquistar o mundo com o balé

Dançarino ganhou bolsa para estudar por um ano em academia americana. Aos 19 anos, ele trabalha como professor e sonha em viver da dança. Publicado no G1 em 24/08/2013 Gustavo Pacheco sabe o que quer da vida desde os 13 anos: ser bailarino clássico. Aos 19, depois de muitos saltos e exercícios, está prestes a dar um passo importante para realizar o sonho. Na próxima semana, o jovem morador de Votorantim (SP) embarca para os Estados Unidos, onde vai passar um ano treinando, estudando, dançando e saltando. Ele será aluno bolsista na Miami City Ballet, uma das academias mais promissoras do país. Ganhou a chance depois de um curso de verão de cinco semanas, do qual participou no mês passado, com todas as despesas pagas, após ser selecionado em audições realizadas em São Paulo. “Acho que fui bem, né? Sabia que nem todos os estudantes do curso de verão seriam selecionados para estudar o ano inteiro, então, desde o começo avisei a eles que eu tinha interesse. Depois de alguns dias